1)
Sobre o historiador Fernand Braudel, avalie as afirmações que se seguem:
I. A sua característica principal é a busca da longa duração, ou seja, das permanências e realidades duradouras nos processos históricos.
II. Uma de suas principais obras, o livro O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II, é um exemplo significativo da valorização de Braudel pela história de longa duração.
III. Braudel é o principal nome da segunda geração dos Annales, posto que ele exerceu com maestria de 1956, após a morte de Lucien Febvre, até o ano de 1969.
IV. Após a morte de Lucien Febvre, Braudel rompe em definitivo com seus predecessores, elevando a Escola dos Annales ao posto de principal referência da historiografia Pós-moderna.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
Alternativas:
- a)
As afirmativas I e II estão corretas.
- b)
As afirmativas I e IV estão corretas.
- c)
As afirmativas I, II e III estão corretas.
Alternativa assinalada - d)
As afirmativas I, II e IV estão corretas.
- e)
As afirmativas II, III e IV estão corretas.
“Tomando o próprio mar para análise, Braudel contrasta o Mediterrâneo ocidental, nessa época dominado pelos espanhóis, com o Mediterrâneo oriental, submetido aos turcos. “a política apenas segue o roteiro de uma realidade subjacente. Esses dois Mediterrâneos, comandados por dirigentes rivais, eram física, econômica e culturalmente diferentes entre si”. A região mediterrânea, porém, continuava a ser uma unidade, mais uma do que a Europa, segundo Braudel, graças tanto ao clima, aos vinhos e às oliveiras quanto ao próprio mar”.
BURKE, Peter. “A Escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da historiografia”. São Paulo: Editora UNESP, 1997, pág. 50.
Compactuando da interdisciplinaridade, pressuposto fundamental para se compreender a Escola dos Annales, Fernand Braudel dialogou com várias disciplinas, mas aquela que o influenciou diretamente, principalmente a primeira parte de Mediterrâneo, foi sem dúvida:
Alternativas:
- a)
A escola geográfica francesa.
Alternativa assinalada - b)
A escola metódica alemã.
- c)
A escola positivista francesa.
- d)
A escola pós-moderna americana.
- e)
A escola antropológica brasileira.
“O compromisso de Bloch com a geografia era menor do que o de Fevbre, embora seu compromisso com a sociologia fosse maior. [...] Bloch, por exemplo, insistia na necessidade de o historiador regional combinar as habilidades de um arqueólogo, de um paleógrafo, de um historiador das leis, e assim por diante”.
(BURKE, Peter. A escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da historiografia. São Paulo, Editora UNESP, 1997, pág. 27).
A citação sobre a aproximação de Marc Bloch e Lucien Fevbre com outros campos de conhecimento destaca uma característica básica não só da primeira geração dos Annales, como também de todos os historiadores vinculados a esta escola historiográfica:
Alternativas:
- a)
- O tradicionalismo das ideias, já que defendiam fervorosamente as ideias ligadas a Escola Metódica Francesa.
[...] se a história produz um conhecimento que é idêntico àquele gerado pela ficção, nem mais nem menos, como considerar (e por que perpetuar) essas operações tão pesadas e exigentes que são a constituição de um corpus documental, o controle dos dados e das hipóteses, a construção de uma interpretação? [...] se a realidade dos fatos tramados não importa à natureza do saber produzido, a “operação historiográfica” não seria tempo e pena perdidos? (CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre incertezas e inquietude. Porto Alegre, UFRGS 2002, p.112)
Com base no texto, podemos afirmar que:
I- Chartier defende a concepção de que o trabalho do historiador se assemelha bastante ao do literato.
II- O autor diferencia o trabalho da história ao da ficção dando ênfase ao corpus documental utilizado pelos historiadores.
III- O historiador francês afirma que a elaboração de um grande corpus documental é uma perda de tempo para os historiadores.
IV- De maneira geral, Chartier critica a concepção de que o trabalho do historiador é semelhante ao de um escritor, que usa da ficção para criar seus textos.
Estão corretas as afirmativas:
Alternativas:
- a)
I e II
- b)
II e III
- c)
III e IV
- d)
I e III
- e)
II e IV
Alternativa assinalada
Leia com atenção o texto abaixo:
"Termos como 'ficção' ou 'possibilidade' não devem induzir ao erro. A questão da prova permanece mais que nunca no cerne da pesquisa histórica, mas seu estatuto é inevitavelmente modificado no momento em que são enfrentados temas diferentes em relação ao passado, com a ajuda de uma documentação que também é diferente. A tentativa feita por Natalie Zemon Davis de contornar as lacunas com uma documentação arquivística, contígua no espaço e no tempo à que se perdeu ou nunca se materializou, é apenas uma das muitas soluções possíveis (até que ponto valeria a pena discutir esse problema?). Entre as que certamente têm de ser excluídas está a invenção." (GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 334.)
Sobre o texto de Carlo Ginzburg e suas reflexões sobre o ofício do historiador pode-se afirmar que:
Alternativas:
- a)
No caso de falta de documentação é admissível ao historiador recorrer à imaginação e criação ficcional na elaboração de seu estudo sobre o passado.
- b)
Na ausência de fontes sobre um determinado objeto o historiador não pode utilizar fontes semelhantes como forma de sugerir aproximações e evidências.
- c)
Há uma diferença entre o inventado e o possível, o primeiro é vedado ao historiador enquanto o segundo é uma alternativa válida no caso de falta de provas.
Alternativa assinalada - d)
A documentação/fonte histórica encontra-se no centro do ofício, seu estatuto é constante e inalterado, daí a importância dos arquivos para a pesquisa histórica.
- e)
Na ausência de fontes o historiador pode utilizar de outros recursos para preencher os vazios da história, com a licença literária, ele vai tecendo possibilidades, mesmo sem as fontes.
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